Nas primeiras décadas que se seguiram ao descobrimento,
o Brasil conheceu um relativo abandono. Salvo o monopólio do pau-brasil
e a presença de algumas expedições no litoral brasileiro, os portugueses não se
interessaram pelas novas-terras. Os esforços da metrópole, naquele momento,
estavam concentrados no rendoso comércio com as Índias e no estabelecimento do
Império Colonial do Oriente. Por essa razão, o período que vai de 1500 a 1530
recebeu a denominação de período pré-colonial.
Em 1501, chegou ao litoral
brasileiro a primeira expedição oficial portuguesa. Sob o comando de Gaspar de
Lemos e trazendo a bordo o navegador Américo Vespúcio, o seu objetivo era o
reconhecimento da costa brasileira, denominando os acidentes geográficos e
elaborando um mapa do litoral. Dois anos depois (1503) uma nova expedição esteve
no Brasil; desta feita, organizada por particulares e sob o comando de Gonçalo
Coelho, prosseguiu o reconhecimento da nova terra e retomou a Portugal levando
o primeiro carregamento de pau-brasil.
Nesse período, intensificava-se a
presença de estrangeiros, especialmente dos franceses, no litoral brasileiro. O
contrabando do pau-brasil aumentava, visto que os franceses estabeleceram
sólidas alianças com os indígenas – os potiguaras no Norte e os tupinambás no
Sul – que também eram empregados na extração da madeira. Ação desses entrelopos
era apoiada por Francisco I, rei da França, que se recusava a aceitar as
determinações do Tratado de Tordesilhas. Diante disso, Portugal enviou ao
Brasil duas expedições com objetivos militares. A primeira em 1516 e a segunda
em 1526, e ambas comandadas por Cristóvão Jacques: eram as expedições
guarda-costas, que dispersaram ou aprisionaram mais de uma dezena de navios
franceses e espanhóis, que também rondavam as terras portuguesas.
Essas expedições também deixaram no
solo brasileiro os primeiros povoadores brancos. Na sua maioria, eram
degredados, ou seja, condenados pela justiça ao trabalho, à prisão perpétua ou
à morte, e que tinham suas penas substituídas. O ano de 1530 marca o início da
colonização do Brasil. O lucrativo comércio de especiarias do Oriente
mostrava-se deficitário, em razão dos altos custos militares que garantiam o
monopólio português nas Índias. Além disso, crescia a presença dos
contrabandistas franceses (entrelopos) no litoral brasileiro, intensificando o
contrabando de pau-brasil. Diante desse novo quadro, D. João III, rei de
Portugal, organizou a primeira expedição colonizadora, cujo comando foi dado a Martim Afonso de Sousa.
Composta de quatrocentos homens, a
expedição de Martim Afonso de Sousa tinha três finalidades: iniciar a colonização (povoamento), fazer o reconhecimento (exploração) e proteger o litoral contra a presença
estrangeira. Por isso, parte dela navegaria até o Maranhão, reconhecendo o
litoral e combatendo os franceses que infestavam a costa pernambucana. Outra
seguiria para o Sul, até atingir o rio da Prata, além de promover uma entrada
para o interior, em Cananéia, São Paulo.
Em
1532, Martim Afonso de Sousa fundou a vila de São Vicente, a primeira do
Brasil, que com sua igreja, Câmara Municipal e Cadeia assinalam o nascimento do
primeiro núcleo de povoamento português na América. Ao redor da vila, surgiram
plantações de cana-de-açúcar e um primeiro engenho conhecido por engenho do Governador.
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